Certa vez, num dos corredores do Santa Maria, contei a minha vida - versão fast drive - a um psiquiatra, num consultório improvisado, que é como quem diz, o psiquiatra puxou de uma cadeira para ao pé da maca onde me encontrava há 3 dias. Era o segundo internamento de urgência em apenas duas semanas e aqueles fulanos estavam, compreensivelmente, fartos de mim. Estão a imaginar alguém, na flor dos seus vinte anos, a contar as piores desgraças da sua vida num tom irónico, sarcástico e quase macabro? Foi o filme a que o psiquiatra assistiu, entre lágrimas ao canto do olho e sorrisos não contidos, enquanto tirava apontamentos.
Há alguns anos que me sinto a andar em círculos, sem sair do mesmo lugar. Com alguns períodos de estabilidade de permeio, repetidas vezes penso que vou conquistar o mundo (e ajo como tal), mas depois é ele que me engole. Nos momentos de reflexão, tenho dificuldade em compreender o que muitas vezes me move, me moveu ou o que tantas vezes me fez ficar prostrada e sem acção. Não consigo distinguir entre mim e essa outra que não sou eu. Tantas vezes me afastei de pessoas que eram (e são) importantes para mim... Tantas vezes agi de forma desproporcionada, mas estupidamente feliz... Tantas vezes não compreendi porque os outros não me compreendiam (nem podiam)...
Por vezes sinto-me vazia e outras tantas apodera-se de mim uma angústia de tudo querer fazer porque as ideias jorram na minha mente.
Por vezes sinto-me vazia e outras tantas apodera-se de mim uma angústia de tudo querer fazer porque as ideias jorram na minha mente.
Porque às vezes tenho a mania, à semelhança de "uma mente brilhante" (que não tenho), procuro "a solução" dentro de mim. Será?
6 comentários:
Suponho que todos temos transições de humor, entre alegria e tristeza, que não conseguimos explicar inteiramente, nem a nós próprios. Como é que os outros nos poderão compreender?
Em fases juvenis isso acontece com mais frequência, depois, à medida que amadurecemos, não se torna tão notório. Talvez porque entretanto já só confiamos verdadeiramente em meia dúzia de pessoas, para os restantes mantemos uma cara aparentemente alegre. Não é hipocrisia, apenas uma defesa... :)
Beijocas!
Será, sim!!!
Basta veres-te com outros olhos, nessas alturas.
Compreendo-te tanto querida KarenB (se me permitires a afeição). Muita da minha ausência deve-se a muitos dos factos que mencionaste neste post.
Até já
Teté,
Infelizmente, no meu caso, é um pouco mais do que isso. Olha, é como diz o urso!
Beijinhos
Pinguim,
Talvez... É isso que tento fazer... quase todos os dias. Mas lutar contra nós próprios pode ser bem mais difícil e desgastante do que parece...
Beijinhos e obrigada pelo apoio. ;)
Olá Sapo!
Que bom que é receber-te de novo por aqui!!
E certamente que te permito a afeição, pois sabe tão bem receber um carinho assim.
Afinal, temos ainda mais coisas em comum do que eu julgava. Curioso...
Beijinhos e força por aí também!
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