quarta-feira, 27 de abril de 2011

Turning Point


Ainda descíamos o elevador para sair e eu já dizia asneira:
- Estás feliz?
Bastaram poucos segundos para perceber que não o deveria ter dito. Ainda assim, cabisbaixo, respondeste:
- Quando estiver a trabalhar vou ficar feliz.
Pressenti o teu nervosismo ainda ontem durante o dia, o mesmo que só deixaste transparecer pouco antes de adormecermos.
Fizemos a viagem em silêncio. Durante mais de uma hora ninguém falou. Ainda tentei uma ou outra banalidade, mas em vão. Pela primeira vez desde que nos conhecemos fiquei sem saber o que dizer para te confortar. E eu sei porquê. No fundo de mim, sei que poderia ser diferente, se eu tivesse a coragem...
Fui outrora destemida. Trilhei caminhos ínvios para te alcançar. Paguei caro, mas consegui. Hoje, falta-me a coragem.
Perdoa-me se te impeço, se ergui muros no teu caminho. Não foi minha intenção.
Desculpa, mas não consigo deixar de pensar assim. Mas quero acreditar que o sentir que me expressas é genuíno.


P.S- Amor, devias estar mesmo com cara de enterro, porque a Sra. do café onde tomámos o pequeno almoço veio-me perguntar se eras filho daquele senhor que faleceu...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Um intruso neste blog e chama-se Milk

Olá, olá a todos!!!
Eu sou o Milk e já cheguei à minha casa nova! É, a minha dona chamou-me assim porque eu sou branquinho e também por causa de um filme qualquer com o mesmo nome, que era um senhor que fez não sei o quê e o mano dela... mas eu não percebo nada dessas coisas.
Estou tão contente! E sabem que mais, vou ter não um, mas três, três donos para tratarem de mim. Quer dizer, o marido da minha dona diz que não gosta de gatos e tal, mas eu não sou um gato qualquer. Eu sou o Milk! Humpf!
E sabem, a minha dona também está tão contente! Há muito tempo que ela esperava por mim... E eu gosto dela, mesmo! Trata bem de mim, dá-me comidinha que eu gosto, faz-me muitas festinhas, brinca muito comigo e às vezes até me deixa pular para a cama dela. Pois, isso, e também anda muitas vezes atrás de mim com um aparelhinho na mão que de vez em quando dispara assim uma luz estranha, mas eu até nem me importo.
O marido da minha dona só olha para mim e com ar desconfiado. Mas eu sei que tenho de lhe dar um bocadinho de tempo para ele gostar de mim. Não digam nada a ninguém, mas eu acho que ele está com medo que a minha dona já não lhe dê mimos. Deve ser.
O meu outro dono é irmão da minha dona e foi quem eu conheci primeiro. Foi ele que me trouxe do Alentejo para cá. A propósito, não gostei nada da viagem. Era só malas enormes à minha volta e estava tudo escuro... Brrrr... Nem me quero lembrar! Ah, claro que também gosto dele. Só não gosto quando ele me engana e mistura o peixe todo com as batatas para me obrigar a comer as duas coisas. Ele deve pensar que eu não percebo... ^_^
Quanto à minha casa nova, já tive tempo de mexericar e cheirar os cantinhos todos. Do que eu gosto mais é: 1. do tapete da cozinha; 2. dos cortinados do quarto da minha dona; 3. do puff, adoro o puff cor-de-laranja (mas às vezes desequilibro-me); 4. do bengaleiro para os guarda-chuvas e de me meter lá dentro; 5. das almofadas coloridas em cima da cama do meu dono mais novo; 6. ah, e da bola de papel enrolada em post-its fluorescentes e fita-cola (com um fio pendurado) que a minha dona fez para mim (estão a vê-la ali em cima?).
Sei que vou ser muito acarinhado e que vou ser muito feliz. Aliás, já sou!!!
Muitos "ron-rons" pra vocês e até à próxima!





Milk

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Hoje, vamos dar vivas à Liberdade!




Em tempos de crise económica, política e de valores, algumas vozes no nosso país se levantam como que apelando a um regresso a um regime de ditadura, enquanto nalguns países da Europa assistimos a uma crescente tomada de força de alguns  partidos de extrema direita. 
Muito a propósito, há algo que aprendi na Faculdade e que gostaria de partilhar.
De forma pioneira, Platão defendeu que as formas de governo não são imutáveis e explicava a sucessão cíclica das mesmas fornecendo um contributo original para a análise dos ciclos políticos e da teoria das crises institucionais.
Assim (e resumidamente), no início da evolução estaria a sofiocracia - forma de governo da Cidade Ideal, exercida pelo Rei- Filósofo-, sendo que a partir daí tornar-se-ia inevitável um movimento de decadência. 
A determinada altura as armas passariam a prevalecer sobre a razão e à sofiocracia seguir-se-ia a timocracia - forma de governo em que o poder seria usurpado pela classe militar e onde o espírito guerreiro predominaria sobre a sabedoria. 
Neste outro regime a acumulação de riqueza cresceria cada vez mais, os guerreiros tornar-se-iam ricos, passando a desprezar os interesses dos pobres, dando assim origem à evolução para uma nova forma de governo - a oligarquia.
Posteriormente, o espírito de revolta despontará nas massas, e movida por uma opressão que se tornará intolerável, a multidão tomará o poder, dando a oligarquia lugar à democracia.
Mas o poder das massas seria desordenado e a demagogia, as lutas entre facções fariam cair a cidade na desordem. O povo teria assim tendência para, mais cedo ou mais tarde, se entregar às mãos de um chefe todo-poderoso - da democracia, cair-se-ia assim na tirania.
A tirania, considerada a pior de todas as formas de governo, não teria um fim à vista enquanto o tirano fosse vivo, a não ser pela sua conversão, através dos bons ofícios de um filósofo. E assim se regressaria à sofiocracia.
A ideia seria retomada por Aristóteles, e a partir do século XIX por Marx (apesar do comunismo de Marx ser bastante diferente, em vários pontos, do comunismo defendido por Platão).
Este tipo de análise, retomada por tantos outros politólogos até aos nossos dias, faz-nos pensar...
Nunca vivi numa ditadura. Não conheço a miséria que se viveu noutros tempos. Não sei o que é não ter liberdade de expressão. Sempre vivi com os meus direitos e liberdades fundamentais assegurados. Não tive de ver partir ou perder um familiar na guerra colonial. Não conheci tantas outras atrocidades que se fizeram e viveram durante mais de 40 anos. Não, não vivi.
Ainda assim, não consigo compreender os tais "apelos" que actualmente se fazem. E não consigo, por tudo o que, na minha ingenuidade, estudei, li e ouvi. Isso basta-me.
Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade!





sábado, 23 de abril de 2011

Um livro, um amigo

"Os livros são portas que te levam para a rua, dizia Patricia. Com eles aprendes, educas-te, viajas, sonhas, imaginas, vives outras vidas e multiplicas a tua por mil. Quem te oferece mais por menos, Mexicaninha? E também servem para manter à distância muitas coisas negativas: fantasmas, saudades e merdas assim.", Arturo Pérez-Reverte, A Rainha do Sul


O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor foi instituído pela UNESCO em 1996 como forma de promover o prazer da leitura, a publicação de livros e a protecção dos direitos de autor.
A todos, boas leituras!

terça-feira, 19 de abril de 2011

1# Little Things


Gosto desta liberdade de ser... De chorar, gritar, dizer disparates.
Gosto desta liberdade que me permite morder-te a pele ou lamber-te as lágrimas.



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mano,


Eras ainda tão criança quando vieste viver comigo... Quer dizer, já não eras assim tanto, mas era-lo para mim e creio que aos meus olhos sempre o serás - assim, o meu pequenote. Tão inocente, tão frágil, tão inflluenciável... E uma vida inteira, um mundo inteiro à tua espera. Por vezes altivo e muito seguro de ti - eras assim, às vezes. E como eu gostava quando revelavas essa tua faceta - temos homem, pensava eu.
Tivemos as nossas zangas, é verdade. Personalidades invariavelmente diferentes (ou será que em determinados aspectos, demasiado parecidas?). Tivemos momentos de ruptura, também. Ias embora, decidias tomar sozinho as rédeas da tua própria vida. Eu esperava... Observava-te de longe, de um longe que sempre se ia fazendo perto.
Sabes que tenho um feitio difícil, mas sempre te dei o melhor de mim. E dei-to mesmo quando me vias como a pior pessoa do mundo, porque os meus comportamentos talvez assim me revelassem. Desde o início que senti que tinha de me demitir do meu papel para assumir um qualquer outro. Já não eram apenas as brigas e brincadeiras de infância. Era muito mais do que isso. Era uma preparação para a vida que te queria dar, quando sabia eu própria não estar ainda preparada para ela. Era o melhor do mundo que te queria dar, quando sabia ser impossível e me sentia atingida de todas as formas por esse mundo na sua faceta mais injusta. Cometi erros também. Fui egoísta por vezes. Mas estive lá. Estive sempre lá, com as minhas melhores qualidades e os meus piores defeitos. Com muitas dificuldades para enfrentar e passando por cima de outros tantos, o que era para mim, era para ti também.
Fui eu quem te ensinou a limpar a casa que ambos sujávamos. Ui, o meu mau feitio, lembras-te? Fui eu quem te ensinou a passar e a lavar a tua própria roupa. E só nós sabemos como às vezes foi difícil... Era eu quem se preocupava e insistia para que jantasses enquanto eu ia para as aulas à noite. Era eu quem cozinhava no fim-de-semana (num fogão de dois bicos) e congelava a comida em porções para que te alimentasses quando não estavas comigo. Era eu quem se preocupava em saber se ias às aulas ou teimavas em ficar na cama a dormir, com as desculpas típicas de adolescente preguiçoso. Era eu quem insistia para que estudasses e não jogasses tanto no computador, na nintendo, depois na playstation... Era eu quem se preocupava em saber se já tinhas chegado à escola, e ao fim do dia se já tinhas chegado a casa, obrigando-te a enviares-me um sms. Era eu quem controlava as horas a que voltavas para casa quando começaste a sair à noite. Era o meu coração que pulava sempre que não estavas ao pé de mim e não me atendias o telemóvel... Era, fui e sou eu quem tantas outras coisas fez e faz por sentir um amor incondicional.
Hoje, olhando para trás, acredito que teria sido infinitamente mais fácil se não nos faltassem algumas peças no puzzle, se tivéssemos falado mais e consequentemente mais cedo tivéssemos conseguido um melhor conhecimento um do outro (lá estou eu com a minha mania de ser impaciente e querer sempre as coisas antes do seu devido tempo... - se é que há um tempo apropriado para as coisas acontecerem..., mas neste caso acho que sim).
Hoje, olhando para trás, sei porque tantas e tantas vezes não conseguia chegar a ti, ou tu a mim...
Tu cresceste, claro. Cresceste tanto... E como eu gostava de pensar que cresceste com um pouco da minha ajuda. Como eu gostava de pensar que cresceste com um pouco de mim espelhado em ti. Veleidades minhas... Eu também cresci. E não apenas ao teu lado. Também eu cresci e aprendi contigo.
Acredito que os laços que nos unem são inquebráveis. Já o eram, por definição, desde sempre. Mas a nossa experiência pessoal fortaleceu-os, fez deles algo muito nosso, muito do nosso íntimo. Hoje és um miúdo inteiro e são. Orgulho-me do que és e gosto que sejas meu.
Chovam mais ventos e outras tantas tempestades, porque juntos somos fortes.


terça-feira, 12 de abril de 2011

Perfect to me


Um presentinho teu sabe sempre tão bem...


´Cause baby, you´re perfect to me...


Pink - Fuckin` Perfect


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sonhar



Por um momento, fechamos os olhos de pálpebras erguidas.
Por um momento, contemplamos as sombras nas trevas.
Por um momento, escutamos o silêncio e dialogamos com ele.
Por um momento, privamos com a multidão que de todo nos é desconhecida.
Por um momento, confortamo-nos com  o regaço ausente.
Por um momento... sonhamos...

O momento esvai-se e,

Em todos os momentos, menos um, reflectimos.
Em todos os momentos, menos um, julgamos.
Em todos os momentos, menos um, dedicamo-nos.
Em todos os momentos, menos um, não somos genuinamente nós.
Em todos os momentos, menos um, não sonhamos...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um "pézinho" a Verão

Hoje estive na praia, a dormir e a apanhar sol.
Diz o ditado que "em Abril, águas mil", mas hoje esteve um belo dia de Verão! As saudades daquela areia, daquele mar, daquele sol, daquela brisa já apertavam e eu estava mesmo a precisar...
E sim, aqueles pézinhos esbeltos ali em baixo são os meus. :-)


     





quinta-feira, 7 de abril de 2011

Out of Africa - África Minha

Certamente já muitos de vós viram este filme. Eu confesso que ainda não tinha visto até há pouco tempo. Uma falha gravíssima na minha cultura cinematográfica, eu sei...  Mas de imediato o elegi como um dos filmes da minha vida.
Porque se trata de um filme inspirador, com uma banda sonora lindíssima e paisagens simplesmente belas. Porque nos fala de uma mulher de grande coragem. Porque nos fala de amor e da capacidade de amar sem um sentimento de posse associado. Porque nos fala da liberdade. Porque nos demonstra que também é preciso saber quando desistir. Porque desperta a nossa sensibilidade para algo tão importante e valioso como dar a mão a quem precisa. Porque é um filme que nos desperta emoções, que nos faz rir, nos faz chorar, nos faz sonhar e acreditar. Por todas essas razões e muitas outras, não podia deixar de o mencionar aqui. 
Assim vos deixo, para relembrar ou despertar o interesse dos que ainda não viram, um vídeo que encontrei no youtube em homenagem à  banda sonora do filme, composta por John Barry, em 1985.






quarta-feira, 6 de abril de 2011

Recordar

Nasci e fui criada numa aldeia perto duma pequena vila do interior alentejano e foi lá que vivi até aos 18 anos - altura em que vim para a faculdade e me mudei para Lisboa.
Após quase dois anos de ausência, ontem fui novamente à minha terra.
Guardo as melhores memórias que alguém pode ter da sua infância. Fui uma menina e uma adolescente feliz.
Mas a vida prega partidas... Quando menos imaginava que tal pudesse alguma vez suceder, tirou-me tudo o que me proporcionou essa felicidade ao longo dos anos, tirou-me a minha família. Os meus pais divorciaram-se e nada, nada mais foi como era antes.
Durante alguns anos, as coisas más que foram acontecendo suplantaram de tal modo as coisas boas do antigamente que eu nem conseguia pensar nelas.
Ontem, olhando para a minha casa  (que na verdade já não é a minha casa há muito tempo) e contemplando-a como se fosse a última vez, não conseguia deixar de pensar nos momentos felizes que ali passei. São essas as memórias que quero guardar, nada mais.  



sexta-feira, 1 de abril de 2011

Como começar?

Sou simples, humilde, genuína e sonhadora, mas com os pés bem assentes na terra.
Sou inconstante e permanentemente insatisfeita.
Já sofri derrotas e alcancei outras tantas vitórias. Já perdi pessoas que amo. Já acreditei que não era possível. Mas hoje, hoje sou feliz.

O que pretendo com este espaço? Conhecer-vos. Conhecer-me, também. E dar-me a conhecer ao desconhecido, porque assim é mais fácil.
O que pretendo com este espaço? Partilhar aquelas coisas que são muito minhas - como sou, o que faço, do que gosto, o que me interessa. E também receber o que tiverem para partilhar comigo.
Sejam todos bem-vindos, quem vier por bem.

Cerimónia de Inauguração